Estudos científicos desenvolvidos na Unoeste contribuem com o Estado campeão em área plantada e produção
Investimento em pesquisas tem apresentado excelentes resultados na produção de algodão no Brasil: 5º produtor mundial e 4º maior exportador. Nesse cenário de importância socioeconômica e de participação nos bons resultados do agronegócio, o Estado do Mato Grosso é o 1º do ranking em área plantada e responde por 67% da produção nacional. Posição que envolve vários fatores, entre a produção científica exerce papel preponderante. Nesse sentido, os produtores criaram há dez anos o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) que mantém parcerias interinstitucionais, entre as quais está a da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).
Em relação aos experimentos científicos desenvolvidos na fazenda experimental [Presidente Bernardes (SP)], da universidade que tem sua sede em Presidente Prudente (SP), um dos fatores significativos está relacionado às condições climáticas da seca e de temperaturas altas. Outro fator é o da qualidade dos experimentos sobre fisiologia da planta, cuja linha de pesquisa é liderada pelo Dr. Fábio Rafael Echer (foto), com o envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação em Agronomia (especializações, mestrado e doutorado). São condições de interesse do IMAmt para gerar conhecimento técnico-científico, no que conta com pesquisadores nacionais e internacionais.
O que ocorre nessa área de produção agrícola no Mato Grosso reafirma a importância da pesquisa científica a favor do agronegócio. Como parte dos resultados obtidos, os números saltam aos olhos: em mais de 700 mil hectares plantados na safra 2017/18, a estimativa é colher 1,2 milhão de toneladas de plumas, enquanto o segundo lugar do ranking nacional é da Bahia com 265 mil hectares de cultivo e a projeção de 419 mil toneladas. No Brasil, a área total é de 1,4 milhões de hectares e a produção de 1,8 milhões de toneladas. A média nacional é de 1622 kg por hectare, enquanto que a do Mato Grosso está um pouquinho acima: 1640.
Produção total ou média não é o único fator significativo, já que a qualidade da fibra é tão importante quanto à produtividade, de acordo com Echer. O pesquisador explica que entre as questões de eficiência do produto estão o cumprimento e a resistência das fibras, das quais são produzidos tecidos que devem responder aos padrões de qualidade exigidos pelo mercado interno e externo. Para contribuir com a qualidade, os estudos realizados sobre a fisiologia da planta de algodão compreende a avaliação de parâmetros sobre o efeito do ambiente: seca, encharcamento, temperatura, luminosidade e nutrientes.
Além das pesquisas, o instituto custeado por produtores de algodão no Mato Grosso organiza publicações técnico-científicas. A mais recente delas é o “Manual sobre a qualidade da fibra”, com o capítulo sobre “Desenvolvimento da planta e qualidade da fibra” produzido por Echer juntamente com o Dr. Juan Piero Raphael, do campus da Unesp em Botucatu (SP). Echer há alguns anos, está entre os poucos pesquisadores brasileiros que desenvolve estudos sobre a fisiologia do algodão, cuja linha de pesquisa é trabalhada na Unoeste desde 2015. O trabalho liderado por Echer também tem produzido resultado na empregabilidade e um exemplo é a do engenheiro agrônomo Douglas Celestino Júnior que se colocou rapidamente no mercado, com a colação de grau em janeiro deste ano e emprego em empresa de consultoria em Primavera do Leste (MS).
Júnior conta que o seu estágio gerou emprego. “A Unoeste me preparou para isso, graças ao ensino, a pesquisa e a extensão. Meu interesse pelo algodão foi quando tomei conhecimento de ser uma cultura que exige cuidado maior que outras culturas. A fisiologia da planta do algodão é uma cultura um pouco mais exigente, então requer um preparo um pouco melhor”, diz para explicar que a fazer essa opção pensou em ter melhores condições de se inserir no mercado, como aconteceu.
Oeste paulista – Para Echer a região oeste paulista, que já foi grande produtora de algodão, poderia retomar essa cultura como “uma das alternativas mais interessantes; melhor remunerada que a soja e o milho”. O pesquisador explica que produzir algodão requer investimento em tecnologia e cita o exemplo de que não se colhe mais com as mãos. Mas há a possibilita de terceirizar o serviço, desde que o produtor esteja capitalizado. São fatores, possivelmente, inibidores da retomada da cultural no âmbito regional, associados ainda na necessidade de adquirir sementes de qualidade; gastos com a adubação e o controle de pragas; e contração de profissionais capacitados.
“Não há indício de o oeste paulista voltar a ser grande produtor, por causa dos custos com a produção”, afirma. Porém, admite que essa não é uma possibilidade plenamente descartada, já que a cultura é boa para a recuperação de pastos degradados. Um investimento viável ao agropecuarista, mas muitas vezes inviável ao agricultor arrendatário, por ser uma cultura que inviabiliza o investimento a curto prazo. Em comparação com o Mato Grosso, comenta a logística de transporte é melhor no oeste paulista. Outro fator positivo está no potencial de irrigação, especialmente no Pontal do Paranapanema banhado pelos rios Paraná e Paranapanema e seus afluentes.
Na condição de pesquisador, Echer aconselha ao produtor dessa região a investir no cultivo do algodão, inclusive por uma questão do preço ser mais atrativo devido à colheita ocorrer em período de menor produção em outros Estados, favorecendo o benefício da maior procura diante de menor oferta. Afirma ser possível tirar boa parte dos investimentos no primeiro ano, por ser uma cultura adaptada ao clima da região. Conta que há 25 anos no oeste paulista havia mais 600 mil hectares de algodão e baixou para 103 mil na safra 85/86, estabilizando em 100 nos últimos anos, mas com potencial de área para cultivo estimada entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de hectares.
Nos dias atuais, ocorre a vantagem de o produtor poder conta com maior suporte técnico-científico, como tem ocorrido no Estado líder de produção cuja área de plantio total aumentou em pelo menos 20% este ano, com o cultivo predominante sendo feito por migrantes gaúchos e paranaenses. “Se não tivesse resultado com as pesquisas, quem iria se aventurar em uma produção de alto custo?”, questiona o pesquisador para dizer que o custo de produção de R$ 9 mil por hectare requer produtividade e qualidade como condição para valer o investimento.
“Isso tem muito a ver com a pesquisa de melhoramento genético e da qualidade do solo”, pontua para citar que as publicações científicas do IMAmt têm contribuído para manter o país como um dos grandes produtores de algodão, que se sente satisfeito em fazer parte da comunidade científica da Unoeste, na condição de vice-coordenador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia (mestrado e doutorado), e manter estreitas relações com o instituto mato-grossense e também com a Associação Paulista de Produtores de Algodão (Appa) sediada no município de Paranapanema, na região de Avaré.
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