Análise foi feita na palestra “Uso Racional da Água na Agricultura”, proferida por Marcus Tessler, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação da ABIMAQ, na Secretaria da Agricultura de São Paulo

Começa a haver um consenso no agronegócio brasileiro de que a agricultura irrigada é hoje uma arma poderosa para o aumento da produtividade, condição indispensável para o Brasil se consolidar como maior produtor mundial de alimentos, conforme preconiza a FAO, organismo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Essa foi uma das conclusões da palestra proferida por Marcus Henrique Tessler, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação (CSEI), da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos. Intitulada “Uso Racional da Água na Agricultura”,  a palestra reuniu cerca de 60 pessoas na sede da Secretaria da Agricultura de São Paulo, no dia 30de janeiro de 2018, em São Paulo.

Na avaliação de Tessler, o mercado brasileiro de equipamentos para irrigação está cada vez mais profissional e o Brasil, com os seus cerca de 6 milhões de hectares irrigados e uma expansão anual estimada em 200 mil hectares, oferece uma grande oportunidade para que a irrigação ganhe cada vez mais relevância. “Além disso, notamos que novos cultivos começam a ser irrigados em escala produtiva, que os métodos modernos de irrigação, sobretudo os que envolvem controle e monitoramento, vieram para ficar, e as empresas do segmento têm mantido um constante ritmo de investimento nessas novas tecnologias”, destaca o dirigente.

O presidente da CSEI afirmou ainda que o poder público, por seu lado, precisa gerenciar as bacias hidrográficas de maneira a estimular e facilitar os processos que envolvem a irrigação. “Além disso, entendemos a necessidade de se intensificar a divulgação de uma agenda positiva que apresente a irrigação com uma aliada do crescimento, do progresso, da sustentabilidade ambiental e voltada para auxiliar no desafio de produzir cada vez mais alimentos para o mundo”, completou Tessler, destacando que o grande empenho da indústria de equipamentos para irrigação é “fazer mais com cada vez menos recursos”, uma vez que em diversas regiões, sobretudo no Nordeste, deve se acentuar a carência de água, com a consequente disputa pelo insumo, sobretudo em relação a geração de energia.

Marcus Henrique Tessler, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação (CSEI), da Abimaq
Crédito | © João Luiz/Secretaria da Agricultura do Estado de S.Paulo

O palestrante iniciou sua apresentação lembrando que o Brasil possui hoje um padrão tecnológico que em nada fica devendo aos demais países, incluindo Israel e os Estados Unidos, países que são referências na área. Salientou que o tema da água deve ganhar cada vez mais atenção, pois segundo estimativas da FAO, até 2050, a demanda mundial pelo insumo deve crescer 40%. “Nesse sentido, a irrigação é uma decisiva aliada na preservação desse recurso, uma vez que cerca de 90% da água utilizada no processo de irrigação retorna para a natureza, seguindo o conhecido Ciclo Hidrológico”, observa Tessler.

Em função dessa situação de constante deficiência de água, o dirigente da Abimaq relata que as indústrias do segmento trabalham e investem cada vez mais para aumentar a eficiência dos sistemas de irrigação. “Desde os anos de 1990, quando surgiram as primeiras empresas do setor no Brasil, tem havido um intenso processo de profissionalização, com um nível de consolidação e de estruturação que tem possibilitado excelentes resultados, tanto na eficiência do uso da água, quanto no aumento da produção agrícola”, relata. Entre alguns exemplos de tal incremento na produção, Tessler recorda que o incremento de produção de café chega a 55%, quando se compara uma área não irrigada com uma irrigada. Na primeira, a produção média por hectares chega a 40 sacas, contra 62 na irrigada. Ganhos semelhantes foram constatados também na cultura de outros produtos.

Para o dirigente da Abimaq, com as modernas e sofisticadas tecnologias desenvolvidas no agronegócio brasileiro, a tendência é o segmento de irrigação contribuir cada vez mais para o uso racional da água na agricultura e também para melhoria da produtividade. “O desenvolvimento de sensores sofisticados, que indicam o tempo ideal de fazer a irrigação, a conexão das informações no ambiente da nuvem, o desenvolvimento de novos materiais e compostos aplicados nos equipamentos, a otimização do uso de satélites e de drones, a aplicação conjunta de água e fertilizantes, assim como uma maior interação entre fabricantes, academia e consultores, devem incrementar o que se começa a classificar como Irrigação Inteligente. Com tudo isso, a irrigação, cada vez mais, se firma como uma solução para o aumento da produção de alimentos, garantindo assim segurança alimentar para um mundo carente de alimentos”, complementa o palestrante.

Ao fazer a saudação inicial antes da palestra, o secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, destacou o trabalho de parceria da Secretaria com a CSEI da ABIMAQ promovido, sobretudo, a partir da crise hídrica vivida pelo Estado. “Acredito que o próximo grande salto na produção com aumento da produtividade da agricultura brasileira deverá vir por meio do uso intenso de tecnologia na irrigação”, afirmou o secretário, enfatizando é que nesse contexto que se encaixa o evento promovido pela Câmara.


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