O Acordo de Paris tem como objetivo principal desacelerar o aquecimento global. As mudanças climáticas são uma verdade inegável, porém reversível se cada um fizer a sua parte no que diz respeito a energias limpas e redução na emissão de gases poluentes na atmosfera.
O tratado foi assinado em 2015 e tornou-se lei nacional em 04 de novembro de 2016. Desde então, os países envolvidos discutem metas e maneiras de alcançá-las. Para o Brasil, a missão é reduzir essa emissão em 37% até 2025. Se você está se perguntando como os setores vão se adaptar a essa realidade, a resposta vem com um crescimento sustentável baseado em desenvolvimento de energias renováveis e nos mercados de bens e serviços no campo da eficiência energética.
Empresas devem pensar cada vez mais em maneiras de substituir seus combustíveis fósseis e estar comprometidas com o desafio. Preocupar-se com o meio ambiente e os impactos de cada atividade é essencial para não desestabilizar os sistemas que hoje sustentam os desenvolvimentos social e econômico. Investimentos públicos e privados vão colaborar não apenas na aplicação de novas tecnologias a favor desse objetivo, como podem acabar se tornando uma fonte de geração de riqueza que cria novos postos de trabalho e traz avanços ao mercado como um todo.
Hoje, o setor de Mudanças de Uso da Terra e Floresta é o maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil, representando cerca de 45% das emissões em 2015, de acordo com informações do SEEG. O desmatamento da Amazônia e outros biomas, como o Cerrado, é um dos responsáveis por esse dado. Já o setor de energia representa 23% dessa emissão. O agropecuário é o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa, com 22%. Ao mesmo tempo, as perdas para a agricultura podem chegar a R$ 7,4 bilhões até 2020 por conta do aumento das temperaturas.
Substituir os combustíveis fósseis da área de transportes e entender novas maneiras de produzir energia elétrica são tópicos importantes na luta contra as mudanças climáticas. Alterar o uso da água por outras fontes, como a eólica, é uma maneira de colocar o desenvolvimento em equilíbrio com a natureza. Em Xangri-Lá, no Rio Grande do Sul, já existe um Parque Eólico mantido por uma grande automobilística atuante no país. Esse é um exemplo do que pode ser feito pelo setor privado.
União Europeia promove no Brasil debate sobre a importância do setor privado na promoção de uma economia sustentável
O Fórum UE-Brasil de Negócios Verdes promovido pela União Europeia e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e World Wild Fund (WWF Brasil) acontece nos dias 27 e 28 de novembro de 2017 em São Paulo, no Hotel Renaissance.
A ratificação do Acordo de Paris em Setembro de 2016 estabeleceu uma ambiciosa meta de redução das emissões de gases de efeito de estufa no mundo. Para cumprir com os compromissos internacionais estabelecidos e de acordo com os objetivos das contribuições nacionais, os NDC, o Brasil, como todos os outros países, precisa de significativas transformações sociais e económicas. A dimensão financeira é um dos aspetos críticos desta transição- são necessárias quantidades significativas de capital para se transitar para uma economia de baixo carbono.
Soluções existem. Novas tecnologias, modelos de negócio e instrumentos financeiros já estão disponíveis. O desafio atual é trazer essas inovações para o contexto brasileiro, demostrando a sua eficácia, ajustando a sua eficiência e adaptando-as sempre que necessário à realidade económica brasileira.
Como parceiro estratégico do Brasil, o objetivo da União Europeia ao organizar este fórum é fornecer uma plataforma de diálogo entre o bloco europeu e o Brasil onde instituições financeiras, empresas do setor privado e autoridades nacionais possam discutir oportunidades concretas para financiar negócios verdes, promovendo a consolidação de economias mais sustentáveis.
Reconhecer a importância do setor privado como uma das principais fontes de financiamento climático e mobilizar o seu potencial para financiar ações de mitigação e adaptação do setor empresarial à ação climática é um objetivo da política externa da União Europeia. Para o Embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho “um Acordo de Paris precisa do setor privado, e o papel das instituições governamentais é o de facilitar o seu envolvimento. Trata-se de um parceiro crucial para impulsionar a implementação de soluções necessárias para a transição para uma economia de baixo carbono”.
“Temos que deixar de entender a questão climática apenas como um problema ambiental e passar a entendê-la como um desafio para a economia e para o desenvolvimento em geral. Esta alteração de mindset tem que englobar todos os atores e setores: governo, empresas e bancos têm que estar alinhados para que as estratégias de ação climática sejam efetivas. Precisamos de recursos que permitam aos diferentes atores económicos atuar na construção de uma economia de baixo carbono. Bem aplicados, esses recursos terão retorno elevado. É por isso que precisamos do engajamento da comunidade financeira, daqueles que atuam diretamente na economia real, de forma a permitir que os fluxos financeiros, aliados às políticas públicas, viabilizem uma economia verde. Esta ação pode tornar-se uma fonte de geração de riqueza através da criação de postos de trabalho e de novos negócios ” acrescenta o Embaixador.
Com a duração de dois dias, o evento pretende fornecer um espaço de confiança e de trabalho para cerca de 100 instituições financeiras e empresas europeias e brasileiras que apresentem modelos viáveis para criar novas oportunidades de negócios sustentáveis no Brasil nos setores de Agricultura de Baixo Carbono e Restauração da Terra; Eficiência Energética em Edifícios e Industrias e Geração de Energia Distribuída.
Os participantes são representantes de companhias e iniciativas privadas, entidades financeiras, indústrias, federações, associações, bancos de desenvolvimento, bancos comerciais, fundos de capital de risco, associações sectoriais e organizações de apoio às empresas.
Ao longo dos dois dias de fórum, os participantes poderão encontrar financiadores, formuladores de políticas públicas e potenciais parceiros de negócio, durante rodadas de negócio e reuniões bilaterais. Cada empresa será convidada a intervir numa sessão de mesa redonda de finanças setorial, numa outra sessão de suporte comercial para o seu setor de atuação e em reuniões bilaterais.
A sessão de abertura do Fórum conta com a participação da diretora da Direção Geral do Clima da União Europeia, Yvon Slingenberg; do secretário de Mudanças do Clima e da Floresta do Ministério do Meio Ambiente, Everton Lucero, do Embaixador da Delegação da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, do Presidente da Febraban, Murilo Portugal. O primeiro e muito aguardado discurso será do Presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn .
Alfredo Sirkis, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andre Nahur coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, Hector Gomez Ang, Country Manager do IFC e o CEO da Athelia, Sylvain Goupille participarão do encerramento do seminário.
Com este fórum, a União Europeia pretende reforçar a cooperação e a coordenação entre os governos, a sociedade civil, o sector privado, as instituições financeiras e outros intervenientes fundamentais. Por isso, convidou para seus parceiros, o Ministério do Ambiente, um aliado do bloco europeu nas discussões bilaterais e multilaterais sobre as alterações climáticas; a Federação Nacional dos Bancos dado o seu papel na mobilização das entidades financeiras para aumentar a oferta de recursos financeiros e a criar novos instrumentos de financiamento para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e o WWF, um dos principais atores brasileiros a defender e a criar instrumentos de apoio a um futuro com baixas emissões de carbono.
“Só trabalhando em conjunto se pode honrar o nível de ambição que nos propusemos alcançar com o Acordo de Paris e dignificar as expectativas das gerações futuras.” afirmou o Embaixador João Gomes Cravinho.