O Programa Nacional de Solos – PronaSolos é uma iniciativa inédita de grandes proporções, que vai elevar o conhecimento sobre os solos do território nacional.

Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Cocais. © Alexandre Esteves

Coordenado pela Embrapa Solos, no Rio de Janeiro, conta com o apoio de outras Unidades da Embrapa e de instituições públicas e universidades.  O programa vai gerar dados e informações de solos, com diferentes graus de detalhamento, para elevar o conhecimento sobre os solos do Brasil e, assim, subsidiar políticas públicas e gestão territorial, promover a agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão de crédito agrícola. Entre outras aplicações, pode-se citar o incentivo a projetos de irrigação e à estocagem de carbono para mitigar as emissões de gases de efeito estufa – por meio da manutenção ou do sequestro desse carbono no solo – e a obtenção de informações sobre necessidade de aplicação de insumos e nutrientes para a agricultura, evitando o desperdício e a contaminação das águas subterrâneas.

Na Embrapa Solos, a pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, participou do Workshop de metodologias de levantamento de solos, treinamento de pessoal e definição de áreas prioritárias para o PronaSolos, de 14 a 18 de agosto. Segundo ela, o mapeamento de solos, especificamente para as atividades agrossilvipastoris (agropecuária e floresta), vai fornecer dados para que o País obtenha ganhos de produtividade e políticas de uso eficiente de insumos, dentre eles, os fertilizantes, aumentando a competitividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira. Além disso, o maior conhecimento dos solos vai permitir a diminuição das áreas degradadas, tendo em vista que novas degradações poderão ser evitadas e as já existentes, recuperadas. O programa poderá ainda, subsidiar a construção de estradas, o planejamento de cidades e a escolha de áreas de deposição de resíduos, dentre outros.

“O solo, juntamente com a água, é o berço da agricultura e responsável pela fixação e do homem à terra. É o componente mais importante da produção e, a depender da forma como o tratamos, construiremos ou não um desenvolvimento em bases duradouras. É preciso conhecer melhor nossos solos, para garantirmos a sustentabilidade econômica, social e ambiental do planeta, garantindo a nossa sobrevivência e a das gerações futuras”, explica a pesquisadora.

Prazos e escalas do estudo – Devido às dimensões continentais do País, o PronaSolos será um programa de longa duração e está previsto para ser feito em três etapas:  de curto (0 a 4 anos), médio (4 a 10 anos) e longo prazos (10 a 30 anos), com metas de trabalho distintas. Na primeira fase, serão estudados solos em áreas prioritárias, escolhidas pelas instituições participantes, em cada estado. Pretende-se, nessa etapa, fazer o levantamento de solos e as interpretações associadas para cerca de 430 mil km2, equivalentes às áreas dos estados de São Paulo e Paraná somadas.


Mais sobre o PronaSolos – No âmbito da Embrapa, foi aprovado um Projeto Especial que vai lançar as bases para a implantação do Programa,  com duração de um ano. Esse enquadramento traduz, em sua essência, a importância e o reconhecimento dos trabalhos sistemáticos de levantamento de solos reeditados no Brasil pela Embrapa e seus parceiros. O principal resultado desse Projeto Especial, que deverá ser entregue ate janeiro de 2018, é um referencial das estratégias detalhadas para a implantação e a implementação de um Programa Nacional de Levantamento e Interpretações de Solos, que será apresentado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e à Casa Civil da Presidência da República. A necessidade desse Programa surgiu em resposta ao Acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), de nº 1942, que, em 2015, Ano Internacional do Solo, constatou insuficiência e inconsistência nas informações oficiais sobre solos e sua ocupação no País. Os achados do TCU foram os seguintes: não existem dados e informação de solos em escala adequada para a tomada de decisão; o atual nível de conhecimento sobre os solos não é suficiente para que o Planejamento do Uso da Terra e das atividades agropecuárias e florestais, bem como das ações de conservação e recuperação do solo e da água, seja feito ao nível de microbacias hidrográficas, conforme estabelece a legislação atual; dificuldade de acesso aos dados e informações existentes, por parte dos tomadores de decisão, visto que não há um sistema único de dados e informações de solos no país, que permita aos usuários, a interpretação desses dados para gerar novas informações. Entre os parceiros do PronaSolos Brasil na busca do conhecimento mais detalhado de seus solos para organizar e estabelecer uma base de dados nacional de solos, integrada a outros recursos naturais e com acesso a todos os cidadãos brasileiros, estão o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e quatro universidades brasileiras. Participam também 10 Unidades da Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais
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