Relacionamento comercial com o Brasil
O comércio bilateral é pequeno e baseado em commodities. Mas, a melhoria a solidificação das relações entre países atraiu empresas israelenses para o Brasil
O comércio bilateral entre Brasil e Israel em produtos e serviços do agronegócio ou para este segmento ainda é pequeno. Na pauta dos principais itens nacionais comercializados para o país do Oriente estão as commodities açúcar, café e carne. No sentido, inverso, fertilizante representa o maior volume de um produto para uso agrícola “Made in Israel”.
Boaz Albaranes, cônsul da Missão Comercial de Israel em São Paulo atribui esse distanciamento comercial à “falta de conhecimento mútuo sobre as potencialidades de mercado e desenvolvimento tecnológico”.
Ademais, fatores culturais e geopolíticos históricos tornaram as relações diplomáticas de Israel mais afinadas com outras nações, principalmente com os Estados Unidos. “Nesse contexto era natural que o parceiro da América do Norte se tornasse o foco dos empresários para a realização de negócios”, explica o cônsul.
Mas, se no campo da agropecuária a troca de mercadorias e serviços ainda não evoluiu tanto quanto poderia, em contrapartida nos últimos anos um movimento de integração mais consistente começou a avançar e solidificar com a instalação de filiais das empresas israelenses no Brasil. O ano de 2015 se encerrou com cerca de 20 companhias operando em diversas regiões brasileiras.
Boaz Albaranes enxerga muita sinergia nessa integração das empresas de seu país com o Brasil. Para justificar o seu otimismo ele elabora uma tese traçando objetivos das afinidades que progridem no mesmo sentido e na mesma proporção, resultando em benefícios para ambas as partes.
Parceria | “As empresas israelenses alcançaram elevado nível de desenvolvimento tecnológico para aplicação nas diversas fases da produção agropecuária, porém, não dispõem nem de terra nem demanda suficiente para testar todo esse aparato em grande escala. O Brasil é gigante mundial do agronegócio e ainda deverá crescer nas próximas décadas e colaborar para atender à demanda da população mundial. Naturalmente, o conhecimento científico e os equipamentos serão fundamentais para aumentar a produtividade sem ampliar a utilização de terras e de recursos hídricos na mesma proporção. Então, no conjunto essa parceria tende a ser perfeita, pois os objetivos são complementares”, destaca.
Outro fator que reforça o ambiente de negócios é o conhecimento do que é possível fazer. Nos últimos anos, diversos grupos de agricultores, pecuaristas, empresários e líderes setoriais do agronegócio brasileiros têm realizado visitas a Israel. Eles viajam em grupos e cumprem um roteiro focado na demonstração de produtos, tecnologias e práticas israelenses, como otimização de recursos hídricos; dessalinização da água, sistemas que tornaram a pecuária de leite do país situada dentre aquelas de mais alta produtividade do mundo; embalagens de frutas e flores; criação de peixes, dentre outras.
Intercâmbio | “A maioria se surpreende com o elevado nível de qualidade e produtividade alcançado pela agropecuária Israelense, e de quanto podem aprender em Israel. Essas viagens já resultaram em vários negócios”, revela o cônsul. Simultaneamente, tem se tornado cada vez mais frequentes a presença de empresários israelenses nas feiras brasileiras de agronegócio e em visitas comerciais.
Esse intercâmbio entre empresários e executivos tem ajudado a quebrar paradigmas e a derrubar barreiras. Até aqui, Brasil e Israel, cada um à sua maneira, avançaram sozinhos e se tornaram referências em tecnologias e produtos para a geração de alimentos. Agora descobrem que são capazes de formar uma simbiose que podem significar o corte de etapas para atingir o montante da produção agrícola e pecuária desejado pela ONU em 2050.
Pode parecer prematuro. Mas, tudo sinaliza que uma nova conexão no agronegócio mundial está se formando.