Perfil da agropecuária de Israel
Propriedades pequenas, porém, produtivas; alta tecnologia e incentivos governamentais indiretos garantem o abastecimento interno e excedente para exportação
No território israelense, 900 aldeias e comunidades rurais estendem-se por uma área rural de cerca de 420 mil hectares (aproximadamente 20% do território). Essas áreas são subdivididas em 80.000 fazendas e propriedades menores (chácaras), nas quais aproximadamente 12.000 agricultores cultivam na maioria da terra arável, inclusive em áreas de seus vizinhos que já não estão praticando a agricultura. Esses produtores ativos são assistidos por cerca de 50.000 empregados contratados.
As propriedades se dividem em kibutz e Moshav. Ambas são cooperativas agrícolas. “Moshav é uma vila de explorações agrícolas familiares; a cada família tem sido atribuída uma chácara em uma área pequena (jarda de fazenda mais campos) de 2 a 4 hectares na região central, ou de 4 a10 hectares na periferia”, explica Uri Ariel, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Israel.
A comunidade de kibutz conta com associados, cuja quantidade varia de 60 a150 membros. Eles trabalham em comunidade e cultivam vários ramos agrícolas como as culturas de campo (algodão, grão de bico, girassol, trigo, etc.) frutas (citros, abacate, manga, maçãs, datas, dentre outras).
“Saliente-se que mais de 90% do território israelita é de propriedade nacional (terras federais), que inclui todos os kibutzs e Moshavs. Juntos eles são responsáveis por cerca de 80% da produção agrícola total do País. As demais comunidades agrícolas (judeus e árabes agricultores entre eles) vivem e produzem em propriedade privada”.
Do total da área utilizada pela agricultura, cerca de 60% são irrigadas. As demais utilizam o regime de chuva com base para o período de produção – e culturas de inverno.
O volume de produção anual é de 5,6 milhões toneladas, divididos entre, 1,8 milhões de tonelada de grãos, 1,6 milhões de tonelada de vegetais, 1,5 milhões de toneladas de frutas.
Incentivos | O governo federal contribui com o processo produtivo ao criar programas de estímulo disponibilizados pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural. A Lei de “Incentivo de Investimento Agrícola” foi criada em 1980 e oferece tanto o financiamento do investimento na produção, aquisição de máquinas e equipamentos (inclusive para estufas e redes de irrigação) quanto bônus adicionais em termos de redução de imposto de renda.
“Os programas de financiamento do Ministério não são limitados aos ativos produtivos, mas têm uma ampla gama de alvos, incluindo o suporte de gestão de risco em termos de participação em 50% e mais o prêmio do seguro agrícola destinada a cobertura dos riscos na produção de culturas sazonais, pomares, cobertura contra uma grande escala de doenças, pragas, granizo, danos de condições meteorológicas extremas e desastres naturais. Nos últimos anos tem também sido concedido financiamento para incentivar a produção agrícola amigável natural, por exemplo, equipamentos para processamento e reciclagem de resíduos”, informa o ministro Uri Ariel.
Ele esclarece, contudo, que o incentivo direto do governo (a partir de seu orçamento) foi reduzido nas últimas duas décadas, e um maior apoio à agricultura israelense foi transmitido por meio de indireto, ou seja, com aumento de tarifas impostas aos produtos agrícolas importados e alimentos [produtos lácteos e algumas frutas).
No campo do conhecimento e da informação, o governo federal disponibiliza cursos especializados (com uma programação anual) para jovens agricultores e para a segunda geração) de produção agrícola conhecimentos e habilidades. Os custos são parcialmente bancados pelo próprio governo.
Outro incentivo, que o ministro define como bastante moderado, é direcionado para o financiamento de promoção de exportações, com o objetivo de apoiar “o esforço de nossos exportadores para manter e aumentar a exportação de produtos frescos e transformados”. Atualmente, cerca de 25% da produção agrícola de Israel são exportadas.
Tecnologias | Reconhecido mundialmente como país superavançado em tecnologias que utilizam automação para sistemas de defesa, Israel se utilizou do know how para empregar softwares também na agricultura e na pecuária. Mas, também se tornou excelente em engenharia genética, sanidade, biotecnologia (este último com restrição).
“Israel é particularmente avançado em agricultura protegida (em estufas) adaptada para a produção de produtos hortícolas de qualidade em clima quente; em tecnologia leiteira intensiva de qualidade em condições climáticas quentes; sistemas de irrigação altamente eficientes e precisos e especialmente micro irrigação para economizar água, de alto rendimento computadorizado; em monitoração para o controle de produção; criação de variedades de alto rendimento de frutos e produtos hortícolas”, relata Uri Ariel. “Notavelmente, vale ressaltar que algumas pesquisas em biotecnologia também são realizadas, ainda que parte delas – a engenharia genética – não seja transformada em produtos comerciais, devido ao fato da zona da União Europeia – que é o maior cliente da exportação de produtos agrícolas israelense – proibir tais produtos atinjam suas fronteiras.
As tecnologias são criadas tanto pela iniciativa privada quanto de instituições governamentais, como ARO – Agricultural Research Organization (Organização de Pesquisa Agrícola), órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, especializado em ciências ambientais, proteção vegetal, solo, água, engenharia agrícola e ciência dos alimentos, dentre outras funções.
Abastecimento | Alicerçado em nessa ampla estrutura de tecnologia e de incentivos, os produtores agrícolas garantem o abastecimento interno de produtos agrícolas frescos, tais como variedade de vegetais e frutas, além de leite, ovos e aves e carne, independentemente do regime de chuvas ou das condições climáticas.
“No entanto, Israel conta com uma população de mais de 8 milhões em um território minúsculo, sendo mais de metade deserto. Por essa razão tem que importar muitas commodities, por exemplo, a maioria dos grãos (trigo, cevada, soja, arroz) para os seres humanos e para ração animal, além de açúcar, chá, café e muitos tipos processados de alimentos e aditivos alimentares”, diz o ministro.
Na balança comercial de alimentos, Israel tem superávit. Investe cerca de US$ 2,5 bilhões por ano com as compras no exterior, porém, fatura US$ 5,5 bilhões com exportações. Os principais produtos exportados são cítricos, abacate, manga, caqui, pimentão, tomate, cereja, ervas frescas, batatas, cenouras e rabanete. Os países e regiões destinatárias, por ordem de volume de compras são União Europeia (65%), Rússia (20%) EUA (5%), Extremo Oriente e os outros 10%.
Pecuária | No regime de criação de gado em Israel o predomínio é do confinamento. O sistema de pastoreio (gado livre no pasto) é aplicado em pequena escala pelos pecuaristas de rebanhos de corte. Mesmo assim, os bovinos são soltos somente em áreas definidas, certificadas e autorizadas “pela autoridade nacional de terra”. Os animais ainda recebem alimentação complementar, em áreas de semiconfinamento.
As vacas leiteiras são tratadas inteiramente em sistemas de confinamento, onde, segundo o ministro, recebem porções de rações altamente nutritivas. Tanto a nutrição quanto a gestão da produção são controladas por computador. O mesmo se aplica nos sistemas de reprodução e ordenha. “A gravidez ocorre 100% por inseminação artificial. Todas as vacas leiteiras são ordenhadas em ordenhadeiras modernas 3 vezes por dia”, complementa Uri Ariel. A produção anual média de leite por vaca é de 11.700 litros.